No final das contas, o Exército não se fez necessário.
Depois de uma semana inteira de caos, desesperos e prejuízos em Santa Catarina,
parece que agora o povo pode se tranquilizar, pelo menos por hora. Uns dizem
que o fim dos ataques se fez pela prisão da maioria dos terroristas; outros
dizem que foi por causa de uma ligação interceptada de dentro da prisão, na
última quinta-feira, porém os ataques continuaram até domingo.
Até a noite de hoje, segunda-feira, não foi registrada
nenhuma ocorrência relacionada aos atentados. Hoje pela manhã, um ônibus de
Joinville pegou fogo, mas não foi relacionado aos atentados, visto que foi por
falha elétrica do veículo.
Agora a pergunta que não quer calar: sobre quem recairá a
culpa e os prejuízos desses ataques?
As empresas de ônibus estão processando o Estado a pagar
mais de 2 milhões de reais em prejuízos pelos veículos incendiados. A polícia,
como não é um serviço concessionário nem permissionário, tampouco autorizado,
será sanada pelo Estado. Penso então que nada mais justo seria a Udesc pedir
indenização por ter seu veículo incendiado, assim como o policial que teve sua
casa e seu veículo pessoal alvejados de tiros.
Agentes ameaçam agora fazer greve e paralisar os
atendimentos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Fora isso, os
policiais civis reivindicarão melhorias nas áreas operacionais e de medidas
preventivas, o que é altamente compreensível depois de uma análise
caracterizada de como foi despreparada a atuação da polícia frente aos atentados.
Como seus pedidos provavelmente não serão atendidos – não de forma satisfatória
– estaremos à beira de mais uma manifestação dos policiais civis por melhor
estrutura de trabalho, como ocorreu no ano passado pelo aumento salarial? Mesmo
elenco, nova trama.
Quem vai pagar a conta? Eu sempre – em todas e quaisquer
ocasiões – estive contra os bandidos. Os presidiários mandantes desses crimes
que reivindicam sabe lá o quê com essa sua demonstração de poder, realmente
demonstraram poder. Mandam e desmandam, deitam e rolam debaixo dos narizes dos
nossos agentes prisionais, pagos com o dinheiro público para nos dar segurança,
tranquilidade e manter os presos em rédea curta. Podemos culpá-los também por
não enxergarem o que acontece durante seus expedientes devidamente pagos de
forma digna e justa? Desculpem a ironia.
Mas... quem são os bandidos de verdade? Não querendo
defender os criminosos, porque acho que nada justifica falta de caráter, mas os
piores, os que realmente te roubam descaradamente e sem pena, são os que vocês
confiam sua segurança, seu dinheiro, sua vida.
Eu, Karine Cavalcante dos Santos, brasileira nata, nascida
no estado de Santa Catarina, funcionária pública dentro de todos os trâmites
legais e com todos os direitos a mim concedidos, exijo que os impostos que me
são cobrados através dos serviços essenciais de que necessito e usufruo, sejam
destinados devidamente a seus fins. O Governo do Estado junto com a União há
muito tempo deram as costas a seu principal fundamento e direito do povo brasileiro,
previsto na própria CF que, dentre outros, é o de garantir a dignidade da
pessoa humana.
Não me sinto digna ao saber que meu dinheiro, fruto do meu
trabalho e dedicação de cada dia, está sendo destinado para fins ilícitos, para
proveito de poucos que – me causando asco – estão no poder por nossa culpa.
O que isso tem a ver com os atentados? Tudo. A começar pela
Educação, sempre decadente, sempre pobre, sem recursos, sem vontade, sem
comprometimento. Daí já se molda tudo o que há de bom ou de ruim na sociedade,
sempre sem amparo do Estado, que vai crescendo e se “desenvolvendo” sem preparo
educacional, social, de saneamento básico, sem infraestrutura, sistema de saúde
sempre roubado, sem materiais nem pessoal suficientemente bem treinados e
dispostos. É onde os criminosos entram e, com eles, toda essa onda de
violência, ataques, assaltos, assassinatos, estupros, estelionatos. E é onde
enfrentamos mais um problema: falta de segurança. Policiais mal treinados,
muitos deles fazendo parte da escória iniciante de toda essa balbúrdia;
penitenciárias incapazes de suportar tantos presos; desvios de verbas que
seriam destinadas à reabilitação desses mesmos presos; julgamentos que nunca
acontecem e por aí vai. Não tenho condições de listar aqui todas as coisas que
nos são tiradas, arrancadas brutalmente por esse Sistema falho, podre e fétido.
Nada vai mudar, não enquanto não entendermos o real
significado da frase “O poder está nas mãos do povo”. Uns são julgados e
condenados, outros são inocentados, mas sempre, sem exceção, saem com nosso
dinheiro no bolso, na cueca, na meia... e riem das nossas caras enquanto fazem
promessas de desenvolvimento social e um país justo e solidário, e nós,
otários, acreditamos.
Enfim, isso todos já sabem e tudo o que fazem é vender
votos, eleger porcos mentirosos, ou, assim como eu, ficam na frente de um
computador, xingando através de uma rede social.
É o que eu sempre faço questão de repetir: cada povo tem o
governo que merece.
Por Kacau Cavalcante
19/11/2012