sábado, 24 de novembro de 2012

Estado sob perigo.


No final das contas, o Exército não se fez necessário. Depois de uma semana inteira de caos, desesperos e prejuízos em Santa Catarina, parece que agora o povo pode se tranquilizar, pelo menos por hora. Uns dizem que o fim dos ataques se fez pela prisão da maioria dos terroristas; outros dizem que foi por causa de uma ligação interceptada de dentro da prisão, na última quinta-feira, porém os ataques continuaram até domingo.
Até a noite de hoje, segunda-feira, não foi registrada nenhuma ocorrência relacionada aos atentados. Hoje pela manhã, um ônibus de Joinville pegou fogo, mas não foi relacionado aos atentados, visto que foi por falha elétrica do veículo.

Agora a pergunta que não quer calar: sobre quem recairá a culpa e os prejuízos desses ataques?

As empresas de ônibus estão processando o Estado a pagar mais de 2 milhões de reais em prejuízos pelos veículos incendiados. A polícia, como não é um serviço concessionário nem permissionário, tampouco autorizado, será sanada pelo Estado. Penso então que nada mais justo seria a Udesc pedir indenização por ter seu veículo incendiado, assim como o policial que teve sua casa e seu veículo pessoal alvejados de tiros.

Agentes ameaçam agora fazer greve e paralisar os atendimentos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Fora isso, os policiais civis reivindicarão melhorias nas áreas operacionais e de medidas preventivas, o que é altamente compreensível depois de uma análise caracterizada de como foi despreparada a atuação da polícia frente aos atentados. Como seus pedidos provavelmente não serão atendidos – não de forma satisfatória – estaremos à beira de mais uma manifestação dos policiais civis por melhor estrutura de trabalho, como ocorreu no ano passado pelo aumento salarial? Mesmo elenco, nova trama.

Quem vai pagar a conta? Eu sempre – em todas e quaisquer ocasiões – estive contra os bandidos. Os presidiários mandantes desses crimes que reivindicam sabe lá o quê com essa sua demonstração de poder, realmente demonstraram poder. Mandam e desmandam, deitam e rolam debaixo dos narizes dos nossos agentes prisionais, pagos com o dinheiro público para nos dar segurança, tranquilidade e manter os presos em rédea curta. Podemos culpá-los também por não enxergarem o que acontece durante seus expedientes devidamente pagos de forma digna e justa? Desculpem a ironia.
Mas... quem são os bandidos de verdade? Não querendo defender os criminosos, porque acho que nada justifica falta de caráter, mas os piores, os que realmente te roubam descaradamente e sem pena, são os que vocês confiam sua segurança, seu dinheiro, sua vida.

Eu, Karine Cavalcante dos Santos, brasileira nata, nascida no estado de Santa Catarina, funcionária pública dentro de todos os trâmites legais e com todos os direitos a mim concedidos, exijo que os impostos que me são cobrados através dos serviços essenciais de que necessito e usufruo, sejam destinados devidamente a seus fins. O Governo do Estado junto com a União há muito tempo deram as costas a seu principal fundamento e direito do povo brasileiro, previsto na própria CF que, dentre outros, é o de garantir a dignidade da pessoa humana.
Não me sinto digna ao saber que meu dinheiro, fruto do meu trabalho e dedicação de cada dia, está sendo destinado para fins ilícitos, para proveito de poucos que – me causando asco – estão no poder por nossa culpa.

O que isso tem a ver com os atentados? Tudo. A começar pela Educação, sempre decadente, sempre pobre, sem recursos, sem vontade, sem comprometimento. Daí já se molda tudo o que há de bom ou de ruim na sociedade, sempre sem amparo do Estado, que vai crescendo e se “desenvolvendo” sem preparo educacional, social, de saneamento básico, sem infraestrutura, sistema de saúde sempre roubado, sem materiais nem pessoal suficientemente bem treinados e dispostos. É onde os criminosos entram e, com eles, toda essa onda de violência, ataques, assaltos, assassinatos, estupros, estelionatos. E é onde enfrentamos mais um problema: falta de segurança. Policiais mal treinados, muitos deles fazendo parte da escória iniciante de toda essa balbúrdia; penitenciárias incapazes de suportar tantos presos; desvios de verbas que seriam destinadas à reabilitação desses mesmos presos; julgamentos que nunca acontecem e por aí vai. Não tenho condições de listar aqui todas as coisas que nos são tiradas, arrancadas brutalmente por esse Sistema falho, podre e fétido.

Nada vai mudar, não enquanto não entendermos o real significado da frase “O poder está nas mãos do povo”. Uns são julgados e condenados, outros são inocentados, mas sempre, sem exceção, saem com nosso dinheiro no bolso, na cueca, na meia... e riem das nossas caras enquanto fazem promessas de desenvolvimento social e um país justo e solidário, e nós, otários, acreditamos.

Enfim, isso todos já sabem e tudo o que fazem é vender votos, eleger porcos mentirosos, ou, assim como eu, ficam na frente de um computador, xingando através de uma rede social.
É o que eu sempre faço questão de repetir: cada povo tem o governo que merece.

Por Kacau Cavalcante
19/11/2012

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