domingo, 5 de fevereiro de 2012

Who Cares?

Vivemos em um mundo repleto de ignorância, medo, luxúria, depressão, egoísmo, competições, arrependimento, morte, perda, sacrifício, desespero, fome, peste, insaciabilidade de poder.
Egoísmo e poder é o que domina a mente dos homens, sempre em busca de algo a mais para alcançar, exibir, ter. Nunca está - e nunca estará - satisfeito com suas conquistas. Quando consegue o carro do ano, pensa que será melhor ter o carro que existirá daqui a dois anos. Consegue o cargo de gerência na empresa, mas pensa que será melhor ter o de diretor. Consegue conquistar um país, mas pensa que será melhor conquistar o mundo inteiro.
Ter objetivos e sempre buscar alcançá-los é bom, saudável, precisamos manter o foco no que queremos até alcançar. Bullshit!
Como disse Robert Anton Wilson: Who is the master who makes the grass green?

Desde que nascemos até a hora em que morremos, nos é ensinado uma forma de viver a vida, de fazer as coisas acontecerem ou deixarem de acontecer, somos ensinados de que precisamos seguir certos paradigmas para que nossa vida dê certo, senão todos seremos engolidos pelos nossos próprios erros e temores. Aprendemos de acordo com nossa cultura, a sociedade em que vivemos, o mundo que vemos, nossas experiências pessoais ou alheias, estamos sempre sujeitos à tudo o que alguém em algum lugar que tem que nos ensinar alguma coisa. E temos que fazer alguma coisa, senão estaremos errados. Temos que concordar com o que nos ensinam, com o que nos dizem. Tudo já está intrínseco dentro dos livros, jornais, rádios, outdoors. Quem foi o primeiro a dizer que as coisas são como elas são? Alguém teve uma ideia inicial e, com o passar dos anos, de gerações em gerações, todos foram se adaptando à essa ideia e, temos que nos adaptar 'porque é assim mesmo!'.
Who is the master who makes the grass green?
Como disse D. Ali: "Se deixares os outros definirem a tua realidade, estás a viver num mundo chamado inferno".

Acordamos, comemos, trabalhamos, compramos um bom livro, lemos as últimas notícias sobre o mundo, rimos de uma piada, estudamos, ficamos à toa, fumamos um cigarro, discutimos sobre política e religião, casamos, temos filhos, fazemos sexo, conquistamos amizades, cuidamos de nosso cachorro, ajudamos um necessitado, jogamos conversa fora, calçamos o sapato, ficamos doentes, compramos roupas novas, fazemos uma dieta, compramos a casa dos sonhos, envelhecemos, morremos.
Quem se importa?

Fazemos tanta coisa, que muitas vezes é predeterminado por alguém que teve uma ideia inicial, que no fim nos esquecemos de uma única coisa: Quem se importa?
O que há de bom nisso? Qual o sentido? Por quê?
O universo lá fora é tão vasto e imenso que somos absolutamente nada perto de tudo isso. Por que existimos? Qual o propósito? Será nenhum?
Ou será o que muitas pessoas pensam: fazemos parte de um plano. Qual plano? E por quê? As pessoas são tão auto suficientes e se acham tão importantes, que acreditam com veemência que são realmente importantes e que são únicos perante esse plano maior. Mas, no fim somos nada. Simplesmente aconteceu. Será?

Como o mundo pode se importar tanto com coisas vãs, passageiras, fúteis, sem sentido, sendo que o que realmente importa, o mundo nem ao menos parou pra pensar.
O que é um carro novo? O que é ter um corpo escultural? O que é conquistar a presidência de um país? O que é comprar uma roupa de marca, a casa dos sonhos? O que é tudo isso? Por que tudo isso importa se no fim tudo se perde? Tudo se destrói? Somos tão frágeis, perto de tudo o que existe, que basta um único acontecimento universal para deixamos de existir. Estamos tão sujeitos à tudo, somos tão pequenos que basta uma mudança climática de alta proporção pra desaparecermos na imensidão do universo. Basta que um grande asteróide siga uma tragetória em direção à terra para que tudo se destrua. E não podemos evitar isso. Não podemos porque não somos tão importantes e únicos como pensamos ser.
Não há propósito em nossa existência.

Então, vamos marcar um suicídio coletivo? Em que todos os seres humanos se matam simultaneamente em determinados dia e hora? Seria uma boa ideia, se não fosse pelo simples fato de que, não é porque não há propósito de existirmos, que precisamos deixar de viver. Não há propósito? Não. Existimos? Sim. Então viva.
Mas viva intensamente, dê valor à sua existência. Nem que seja só pra dar valor ao trabalho de bilhões de anos dos elementos químicos que nos criaram inicialmente.

Não se prenda à coisas vãs, passageiras, que te fazem perder tempo. O tempo é curto. Uma hora ele acaba, às vezes antes que nós esperamos. Faça algo por você, por quem você gosta, pelo mundo. Mesmo que isso seja tão pequeno perto do que existe. Não importa. Use seu cérebro, ele está aí! Você pode sentí-lo? Importe-se com o que se importa e com quem se importa. Medite e veja se consegue encontrar a sua essência. E quando encontrar, trabalhe nela, use-a. Desligue-se do mundo, do que os outros dizem, do que determinam. Desligue-se das modas, das notícias, das pessoas, dos barulhos, dos ensinamentos. Tente buscar o significado de cada coisa, sem usar os conceitos predeterminados que nos ensinaram no decorrer da vida. No fim, você vai perceber que cada um tem sua forma única de olhar cada coisa, nem que a diferença seja apenas um detalhe. Afinal, não há mestre que faça com que a erva seja verde.

Não há propósito em nossa existência. Mas... quem se importa?

7 comentários:

  1. Perdoem a pobreza da escrita, mas fazia muito tempo que não escrevia. Esse post foi como um exercício até que eu volte com a riqueza de argumentos, sugestões, análises e mantenha a coesão e coerência nas palavras. De início, espero que gostem.

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  2. Muito interessante a dissertação. Aponta muitas das falhas humanas que cometemos na "inercia" da vida, onde levamos de barriga e enfrentamos da maneira que mais convém NO MOMENTO. Como somos frágeis, como somos escravos do nosso próprio sistema, e não é necessário muito esforço para ver que tem muita coisa errada, e isso está matando nôs matando. Vivemos reclamando da vida e fizemos pouco para mudar, eu só quero ver oque vai ser quando a vida começar a reclamar da nossa existência.

    Seja bem vinda ao blogspot, parabéns pelo post. A imagem de fundo ficou muito bacana =D!

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  3. Muito interessante! Isso eu chamo de pensar na vida. As vezes penso nessas coisas.

    "Mas viva intensamente, dê valor à sua existência. Nem que seja só pra dar valor ao trabalho de bilhões de anos dos elementos químicos que nos criaram inicialmente."

    Muito bom!

    Parabéns e continue com as postagens!

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  4. Obrigada pessoal! Fico MUITO feliz que vcs tenham entendido e gostado do meu post. Vou continuar escrevendo e espero que continuem acompanhando. Obrigada pela força!! :***

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  5. Ficou legal esse primeiro post. Começou bem nitzscheano, estimulando a vontade de poder, no quinto paragrafo começa uma transição, que fica mais evidente no sexto, pra Schopenhauer (quando a vontade, apesar de ser motor, pode ser anulada, porque não há razão de ser). E no fim lança o estímulo ao quetionamento. Ficou massa, e esse plano de fundo ta bem cogumelo. ;*

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